Promover a inclusão racial nas empresas faz parte hoje das políticas de ESG, sigla que vem dos termos em inglês, Environmental, Social and Governance. A agenda ESG vem ganhando cada vez mais importância e engloba as melhores práticas ambientais, sociais e de governança.
A diversidade de olhares e repertórios na equipe de trabalho é considerada um combustível para inovação e criatividade. Sem falar que um ambiente onde todos são aceitos na sua essência favorece a motivação e a produtividade.
Em um país como o Brasil, que tem predominância de negros (segundo dados do IBGE divulgados este ano, 56% da população, o que representa a soma de pretos e pardos), a raça é um critério que está sempre no topo quando se fala em inclusão. Mas uma coisa é adotar um discurso bonito, em sintonia com uma agenda ESG (de sustentabilidade, social e de governança). Outra coisa bem diferente é promover, de fato, a inclusão no trabalho.
Uma pesquisa realizada pela multinacional Delloitte, em 2021, com 215 empresas, revelou que o tema inclusão vem ganhando destaque. Um total de 49% do universo pesquisado tinha área dedicada a diversidade e o mesmo percentual (49%) mantinha parcerias para colocar em prática ações de inclusão, como treinamento e capacitação, recrutamento e seleção, programas de saúde mental e outras.
Ainda de acordo com a pesquisa, 81% disseram que mantêm grupos de afinidade nas suas empresas, para endereçar temas relacionados à diversidade. Entre esses grupos, o tema “raças e etnias” ocupava o segundo lugar, estando presente em 52% das empresas pesquisadas, mesmo percentual dos grupos sobre pessoas com deficiência. Ambos ficavam atrás apenas dos grupos sobre mulheres, presentes em 62% das empresas.
Os resultados da inclusão foram vistos como muito promissores. Para 87% dos pesquisados, as ações de diversidade, equidade e inclusão trazem benefícios ao negócio. Além disso, 84% responderam que essas iniciativas geram valor ao negócio; 81% disseram que contribuem para a inovação; 76%, que melhoram a qualidade da força de trabalho; e 69% responderam que aumentam a retenção de profissionais.
No mês da Consciência Negra (o dia mesmo é celebrado em 20 de novembro, marco da morte de Zumbi dos Palmares), damos voz aos nossos colaboradores negros. Ninguém melhor do que eles para relatar os entraves que já enfrentaram ou continuam enfrentando no processo de inclusão racial na sociedade e, especialmente, no ambiente corporativo.
Como um dos fundadores da levva, o CTO Jessé de Freitas, trouxe um olhar particular para a empresa.
Há mais de 20 anos trabalhando com tecnologia, ele sempre presenciou pouquíssimos negros inseridos nesse segmento.
Com mãe professora e avó advogada, Jessé vem de uma família que sempre valorizou a educação. Ele acha que investir na formação é o melhor caminho para superar preconceitos.
Como empresário, ele tem plena consciência dos ganhos que se pode ter com a inclusão no ambiente corporativo, não só a racial, mas também a de gênero, opção sexual e de demais grupos.
O engenheiro de software da levva, Gabriel Rodrigues de Souza, conta que foi um ponto fora da curva em muitos dos lugares por onde transitou. Cursou universidade federal e era um dos únicos estudantes negros.
Nas empresas onde trabalhou ou prestou serviço na área de tecnologia era um dos poucos negros, senão o único.
Gabriel cita uma situação de racismo enfrentada em um dos lugares onde trabalhou. Frequentemente, era questionado por outros funcionários se realmente fazia parte da empresa. Para superar essas abordagens, passou a se vestir de maneira formal, mesmo sendo o dress code da maioria informal e descolado.
Na levva desde março de 2020, Gabriel diz se sentir hoje em um ambiente realmente inclusivo. Conta que, já na entrevista de seleção, falou com o recrutador sobre questões relacionadas à vida, não só sobre assuntos técnicos.
Há pouco mais de um mês na função de Analista de Gente & Cultura, Teresa Viana Alves Rodrigues começou na levva há três anos, como responsável pela faxina. Dentro da startup, abraçou as oportunidades que lhe foram oferecidas para crescer profissionalmente.
Teresa diz que já sofreu racismo em diversas situações, mas não no trabalho.
Há pouco mais de um ano na levva, o desenvolvedor front-end Christopher Alexandre também diz nunca ter enfrentado manifestação de racismo no trabalho. Ele acredita que situações assim devem ser seriamente combatidas.
Analista de Quality Assurence (QA), Stephany Callegari está perto de completar dois anos na levva.
Nem sempre foi fácil. Em um dos trabalhos que teve, Stephany sofreu uma manifestação de racismo quando deixou de alisar o cabelo, assumindo o crespo.
Cristian Macedo, hoje líder técnico, com um ano e meio na levva, também relata uma experiência negativa em uma empresa onde trabalhou no início da carreira. Quando ele entrava na área de acesso restrito da empresa, sempre era perguntado se realmente deveria estar ali, embora usasse crachá com a identificação profissional.
Cristian ficou intimidado de reportar a situação, mas um amigo comunicou ao departamento responsável e a empresa acabou divulgando internamente um ofício para que situações do tipo não se repetissem.
Os benefícios que a inclusão traz para a empresa e para a equipe, como um todo, são muitos. Stephany acredita que quando se trabalha em um ambiente que gera bem-estar e respeito, a produtividade é maior.
Cristian destaca que, além de ser importante empregar pessoas de diferentes origens, raças e opções sexuais, é necessário que as empresas promovam um ambiente em que elas possam ser ouvidas. Só dessa forma é possível quebrar preconceitos e padrões enraizados, como os que sustentam o racismo estrutural na sociedade.
Para a empresa, acredita Cristian, a diversidade traz um ganho cultural muito grande na comunicação com o mundo externo.
Apesar dos avanços com as políticas de inclusão, a representatividade de grupos minoritários em cargos de liderança ainda deixa muito a desejar. De acordo com a pesquisa da multinacional Delloitte, no universo das 215 empresas analisadas, 26% tinham menos de 5% dos cargos de liderança ocupados por representantes de raças e etnias, e em 56% delas não havia representantes desse grupo no conselho de administração. Esta é, certamente, a próxima barreira a ser ultrapassada.
Trabalhar aqui é diferente, só quem tá dentro sabe. E quem tá fora, é louco pra saber. Para construir um grande negócio é preciso de grandes pessoas. Quer fazer parte de um time incrível?
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