Entre os dias 22 e 29 de outubro, eu tive a rica experiência de participar de uma caravana, organizada pelo Instituto Caldeira, para conhecer o ecossistema de tecnologia de Israel. Com isso, pudemos entender o que faz dele um dos maiores polos de inovação do mundo. Tudo isso em um ambiente tão inóspito quanto o que vem à cabeça quando se pensa em deserto.
Acredite em mim quando eu digo que um artigo não é o suficiente para falar sobre todos os aspectos aos quais qualquer pessoa que visite o país irá atribuir tamanha prosperidade e disrupção. Mas hoje, eu quero falar sobre um deles que, para mim, é a base de todos os demais: O senso de comunidade dos Israelenses.
Durante a viagem, você interage com a cultura e os valores da população. Das pessoas que prestaram serviço de suporte para nossa caravana até os(as) palestrantes que viajaram 16 horas para serem ouvidos, uma coisa é consenso: Israel é um país que se ajuda.
O tempo todo se nota como existe uma comunidade forte dentro daquele contexto. Nota-se isso em vários setores da sociedade. Vou tentar listar aqui o que me chamou a atenção em algum destes setores.
Um dos pontos altos da viagem foi a visita ao Technion, O Instituto Israelense de Tecnologia que, para critérios de comparação, é para Israel o que o MIT é para os EUA. A universidade, que fica na cidade de Haifa, ao norte de Tel Aviv, impressiona. Vários prédios de disciplinas distintas, uma integração com a natureza dentro do Campus que faz você esquecer que está em um deserto, e uma arquitetura muito moderna.
Várias iniciativas nasceram dentro da universidade, tais quais startups com soluções como carne criada em laboratório, exoesqueleto para que pessoas sem movimento nas pernas possam andar, nanotecnologia, entre muitas outras. Foi uma verdadeira aula de como o investimento em pesquisa e desenvolvimento traz resultados de muito valor agregado.
Eram muitas tecnologias distintas, mas todas elas, em seu pitch de apresentação, tinham algo em comum: o foco no valor que aquela solução devolve para a sociedade. Como aquilo que eu trabalhei, que gastei tempo da minha vida, dedicação e recursos para desenvolver, pode ajudar a sociedade e resolver um problema real da minha comunidade?
Muito pouco se ouviu falar a respeito dos números destas empresas se comparado com os seus benefícios, mesmo em startups que já valem mais de 1 bilhão de dólares. A mensagem é: O dinheiro é importante, e muito bem-vindo, mas o propósito de existir da empresa é nada menos do que tornar a vida melhor.
O Technion é um instituto privado. Como uma das melhores universidades quando se fala a respeito de tecnologia, estudar em um curso deste ecossistema é quase certeza de boa colocação no mercado.
Uma ideia que é vendida a partir do momento em que você se torna um estudante do instituto é essa: Você está aqui devido a ajuda de outra pessoa. Alguém da comunidade criou o conteúdo que você vai estudar, alguém da comunidade investiu na estrutura que você está utilizando e alguém da comunidade vai buscar na universidade talentos como você e dar uma oportunidade de trabalho. No caso das bolsas de estudos (que são abundantes), alguém da comunidade, literalmente, investiu dinheiro em você.
Por isso, o que esperar das pessoas que estudaram no instituto e estão bem-posicionados no mercado? Ajude os alunos assim como você foi ajudado. Seja também alguém da comunidade que ajuda os alunos e continua movendo essa engrenagem. E você pode fazer isso de diversas formas: com mentorias, indicações, orientações e até com financiamento de bolsas estudantis.
Em Israel, toda a população (com exceção de alguns grupos específicos) são obrigados a se alistar. São 3 anos para homens e 2 anos para mulheres.
Tivemos a oportunidade de visitar um colégio de formação militar, onde assistimos a uma palestra do diretor do colégio. Ele falou sobre como o exército era presente na vida da população, trazendo senso de pertencimento e reconhecimento para a sociedade. Por exemplo, assim como o local de nascimento e a faculdade onde se estuda, o setor em que você serve no exército passa a ser um marco na vida do cidadão.
Isso gera um sentimento muito forte na sociedade de “somos todos responsáveis por tornar a nossa vida mais fácil/segura”. Assim, nascem iniciativas como a do Team8, uma venture de investimento e de company building, que foi fundada por um soldado que atuava no squad 8002 do exército.
Mais uma vez, seguindo o exemplo das companhias que se formaram na universidade, a grande maioria das empresas em sua apresentação vendem um propósito bem claro: Gerar um valor real para a sociedade.
Desde as políticas de recrutamento, passando pela cultura interna e chegando até mesmo na interação com os clientes (no valor gerado propriamente dito), uma mensagem é muito clara: Estamos fazendo negócios juntos para melhorar a nossa comunidade. Para movimentar renda, gerar empregos, ajudar setores da sociedade e tornar a vida melhor.
Na apresentação de pitch para possíveis investidores, a maioria das empresas focaram em casos concretos de valor gerado para a sociedade. Isso diz muito sobre a cultura corporativa do país.
O time da Wix, startup israelense de criação de sites, contou o caso em que receberam milhares de requisições com origem em um país em desenvolvimento e logo assumiram que fosse um ataque. Ao entrarem em contato com a embaixada deste país, descobriram que, na verdade, para tentar resolver o problema de aulas remotas durante a pandemia, os responsáveis pela educação no país criaram uma cartilha que ensinava as escolas a criarem os próprios sites para disponibilizar conteúdo para os alunos.
Viver esta experiência trouxe para mim a visão de como um propósito que une as pessoas em torno de um bem comum, pode fazer com que determinado contexto se transforme e seja muito próspero.
E o que isso traz de lição para minha empresa? Para começar, resultados precisam ser baseados em propósito, e não o contrário, com o propósito sendo gerado a partir dos resultados. No momento em que um propósito bem definido é difundido na comunidade, o senso de colaboração faz com que as pessoas se sintam parte de um time.
Há somente uma forma de difundir um propósito de maneira tão orgânica e intrínseca: através da cultura. O Investimento em cultura e iniciativas de integração é a peça-chave para que uma companhia caminhe de forma unida e consistente.
Trabalhar aqui é diferente, só quem tá dentro sabe. E quem tá fora, é louco pra saber. Para construir um grande negócio é preciso de grandes pessoas. Quer fazer parte de um time incrível?
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